Meu humor, inconstante, está me enlouquecendo. Não sei lidar com isso. Não posso cobrar a ninguém, compreensão. Se quero agora, depois não. Se mudo, transgrido. Se fico, não desejo.
Meu instante não compreende a mim. Baseado em mentiras e verdades que desconheço. Não sei quem sou. O que me retém é pouco, é muito, é o suficiente.
Transcorrem os dias de forma desigual. É atribuído a estes tantas nuances. Os tons são muitos e por fim enegrece o dia inteiro. Meus tristes tons de cinza. Sem razão. Sem motivo algum eles pairam sobre minha cabeça e fazem morada. Tenho convivido por dias inteiros sendo assombrada por medos antigos, memórias e um monte de fantasmas.
Convivo com uma nuvem grande e negra sobre a cabeça. E torço, e rezo, para Deus, que nenhum pássaro negro venha pousar sobre minha sorte. Que não venha roubá-la de mim. Que não a intimide ou a seduza. Que fique por longe, caso queira acompanhar-me, mas que não interfira em meu caminho. Caminho com curvas sinuosas, absurdas e cheias de marcas.
Que meus instantes sejam inteiros também. Que se bastem! Que se permitam! Que todos eles sejam fruto do que plantei e sei que são. Que não tenham mais que coexistir junto ao terno, assombrando-o. Que sejam serenos.
Inconstante. Por completa. Não sei como apaziguar. Não sei o que pode ser feito para amenizar. Certeza que tenho que seja morto por uma única vez o pouco que me desnorteia. Que meus assombros se percam em particular alheio. Que não seja o meu.
Não me recordo do momento mais cruel em que fui. Há o que me desnorteia. Vezes que disse e não deveria. Vezes que me faltou tanto e mais o silêncio. Essa falta de sei lá o quê não me diz nada. Não me acrescenta embora a sinta. Minha inconstância tem me feito um mal fora do normal. Deixando-me apática. Perdida, numa imensidão que me pertenceu e que por ora não faz sentido.
Onde foi parar o que me foi prometido? O que prometi a mim e não cabe aqui. Não cabe em linhas comuns. Se é confusão, talvez. Se é solidão, apara-me. Se é qualquer outra coisa, vá! Não me pertence. Não me cabe. E ainda me queixo. Queixo para não me calar e tornar tudo mais ainda complexo. Odeio a subjetividade alheia. Odeio muito mais a que me pertence. Muito mais a que me...
"Perder-se também é caminho", disse Lispector. Perder-se é também. E muito que ando, pois ando, perco-me, acho-me em meio ao caos alheio. Nunca aprendi a não me importar. Fato triste. Meus devaneios só são maiores porque cabem a mim, e mais, muito menos que os dos outros. Diga o que quiser. Não reconheço motivo para minhas lágrimas tolas! Só exitem porque não sei. Meu humor tem enlouquecido a mim. E por tempos, muitos.
Inconstância: _Não vá achando que me conhece. Não sou sua amiga, não pretendo mais ser. Não vá achando que sabe algo sobre mim. Já basta saber que respiro. _disse.